Dias...

Os dias ultimamente acordam Cinzentos

e com nevoeiros de àgua estúpidos.

São percorridos pelas mesmas coisas,

a monotonia habitual de quem trabalha e nada tem para fazer...

Penso-te... Penso-te horas a fio...

Espero-te... Espero-te durante o dia... (todos os dias)

São 6h da tarde, estaciono o carro em frente da minha casa.

Está a chover... e como chove!...

Uma chuva fria e ventosa, tipica do mês de Novembro,

mas é Janeiro...

A chuva é cinzenta e turva, chego a confundi-la com o Cávado.

E o Céu está negro, carregado de nuvens.

E eu que gosto de ver as Estrelas......

Deprime-me este tempo!...

Uma Vida...

Uma senhora com os seus 80 anos, casada, uma vez por semana deixa tudo e vai ao jardim público,

onde permanece sentada horas, com um sorriso terno de quem espera alguém que partiu,

mas não se esqueceu…

este ritual repete-se há 50 anos, todas as Quartas-feiras…

leva a Alma cheia de Esperança, e no coração leva o Amor que nunca morreu…

E ele regressou…
50 anos depois ele voltou ao mesmo jardim onde outrora fora feliz…

onde outrora o destino os separou…
Mas ele voltou…

ele que foi embora…

ele que também não esqueceu…

Anos de um casamento de mentira, anos de um casamento onde existia a Amizade e o bem estar de uma vida a dois,

mas o Amor… esse estava longe… em parte incerta…

Terá valido a pena uma vida de mentira?
Terá valido a pena abdicar de 50 anos de Amor?
50 anos depois, uma parte sentiu uma vida destruída…
50 anos depois, vive-se por fim o grande Amor…

Eu também vou ficando sentada neste banco de jardim a que chamo vida…
Não seria melhor vivermos cada minuto intensamente?
Não seria melhor aproveitarmos todos os anos que temos pela frente?
Quero olhar para trás e ver-te comigo, até ao presente!!...

A.